21 de abril de 2011

Irmãos, ou não. - Capítulo XIII

Só pra avisar, esse capítulo ficou gigante D: mas acho que vão gostar *-*
Obrigada por lerem meu blog, anyway õ/
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- Marie, por que você não come alguma coisa? Vai acabar desmaiando de fome desse jeito. Come alguma coisa, amiga, por favor!

- Não estou com vontade. Se eu comer alguma coisa provavelmente vou acabar vomitando; não se preocupe comigo.
- Mas é claro que me preocupo! Você continua sendo minha amiga, Marie!
- Luna... - começou Marie, impaciente, para ser cortada logo em seguida.
- Luna o quê? Você precisa se alimentar. Não é, Gui?
- Quê? Hã? Me chamou, amor?
- Nada, principezinho, nadinha de nada.
- Amiga não começa, por favor! Não quero que vocês briguem, façam isso por mim se não puderem fazer por vocês mesmos!
- Ok, ok. Não estou muito a fim de me estressar mesmo não, e na verdade nem posso. Desde que ele também não provoque.
 - Tudo bem, chega de brigas então. Amigos?
- Amigos... – respondeu Marie, muito a contragosto.
Qualquer um poderia deduzir que aquele “amigos?” era apenas fruto da presença de Luna, porque Guilherme jamais aceitaria tão bem o fato de ter que se obrigar a tratar como amiga alguém que tanto desgostava. Mas quem assim deduziu não poderia estar mais errado. E dentre as pessoas que cometeram esse erro, logicamente se encontrava Marie. Talvez porque ela mesma tomara desgosto tal pelo namorado da amiga, que tinha certeza que seus sentimentos por ele eram recíprocos; mas Guilherme havia mudado um pouco e percebido que, na verdade, só agira tão mal com a garota por ciúmes, puro ciúmes. Ele na verdade se preocupava com Marie, e depois da morte de Diego decidiu-se por não ser mais rude com ela, e talvez até ganhar sua confiança... Não seria fácil, mas por algum motivo que ele mesmo desconhecia, estava disposto a fazê-lo. Então, ao final das aulas daquele dia, deixou Luna em casa e dirigiu-se até o apartamento de Marie. Tocou o interfone, porém o irmão da garota atendera – um tanto grosseiro – e informou que a garota não se encontrava e ele não fazia a menor idéia de quando ela chegaria. Guilherme explicou ser amigo dela da escola, e perguntou se ele por acaso não teria o número do celular dela, já que havia perdido. Sem muita boa vontade Dante passou o número a Guilherme, que agradeceu e logo ligou para a "nova futura amiga".
- Alô?
- Marie?
- Quem é?
- Guilherme, tudo bem com você?
- Tudo... O que você quer?!
- Nada de mais, Marie. Só queria saber como você está, te achei um pouco chateada hoje na escola. Aconteceu alguma coisa?
- Quem é você pra saber se eu to chateada ou não?  E desde quando se preocupa comigo? Aliás, quem te deu meu número, hein?
- Calma, calma... não precisa ser tão agressiva, só achei que poderíamos recomeçar. Fui ao seu prédio e perguntei por você, mas seu irmão Dante disse que você não estava então pedi seu número e ele me deu. De má vontade, mas deu.
- Dante... – repetiu a menina, com a voz perdida.
- É o nome do seu irmão, certo?
- Sim, sim... é o nome dele...
- Está tudo bem, Marie? – perguntou novamente Guilherme, um pouco preocupado. Silêncio... – Marie? Ainda está na linha?
- Quê?! Ah, oi. Tô, tô aqui sim. Do que a gente tava falando mesmo?
- Onde você está?
- Na praia... Por quê?
- Em que parte?
- Bem no início, onde tem umas pedras... Mas por que você quer saber, Guilherme?!
- Estou indo para aí agora, até mais.
E, dito isso, o garoto desligou o celular sem esperar resposta, indo diretamente ao encontro da menina, que estava bem perto dali, encostada em uma pedra, quase impossível de ser localizada. Chegando mais perto ele pôde notar que ela ainda estava com a roupa da escola, mas também visível havia um cordãozinho de biquíni que se amarrava em seu pescoço. Guilherme sentou-se ao lado de Marie, que ainda segurava o celular na mão sem entender nada; tomou um susto ao ver o garoto já sentado ao seu lado mal finalizara a ligação, mas por algum motivo o sorriso dele a fez sorrir de volta. Por um momento pareceu esquecer o motivo que a levou até aquele canto novamente, principalmente quando Guilherme a... abraçou. Ficou confusa por um instante, mas acabou por retribuir o abraço, e após muito tempo o garoto a soltou e perguntou, olhando diretamente no fundo dos olhos dela:
- Então, o que aconteceu?
- Eu... ah...
- Você...?
- Não sei se é um bom momento...
- Estamos sozinhos, na praia, está cedo e o céu claro. O que seria um bom momento pra você, Marie? – sorriu Guilherme, olhando a paisagem à volta.
- O que deu em você, hein? De repente se preocupa comigo e quer saber da minha vida... Que drogas te deram?l – sorriu ela de volta.
- Bom... depois que o Diego... você sabe, depois daquele dia, eu te vi fugindo do Caio e achei que tinham terminado, e só então eu percebi que nada do que tinha acontecido entre eu e ele era realmente sua culpa, e também que você estava mais sozinha agora, e achei que talvez precisasse de um ombro amigo... quer dizer, não sei se você me consideraria um amigo, mas ao menos um ombro eu tenho. – completou ele sem graça. Marie não pôde deixar de sorrir, achando graça no comportamento dele.
- Eu voltei com o Caio, então não estou completamente só... mas agradeço sua disponibilidade, acho que podemos recomeçar sim. Talvez seja a hora de algumas mudanças boas, depois de tantas ruins...
- Quer conversar, Marie? – A garota hesitou, mas achou que desabafar um pouco não faria mal a ninguém. Resumiu o mais que pôde toda a história, cortando uma coisa aqui e outra ali; mas parou mais uma vez na parte da gravidez.
- E então? Aconteceu alguma coisa no restaurante, ou...?
- Bom... eu tinha estranhado algumas coisas, e me resolvi por pegar o teste da farmácia e descobri que estou grávida. No início o Caio não acreditou muito, ficou bem atordoado e confuso – assim como eu ao descobrir a novidade -, mas por fim decidiu por assumir o próprio filho, claro. Fico feliz por ter ele de volta como namorado, e acho que me precipitei de mais ao terminar com ele apenas por achar que os problemas que ainda nem existem em relação ao ciúmes de Dante nos impediriam de continuar juntos... É claro que principalmente agora, com a gravidez, muitas dificuldades surgirão e tudo o mais, mas com certeza seria muito mais difícil de passar por elas se eu estivesse completamente sozinha.
- E você já contou isso ao seu irmão?
Marie paralisou, lembrando dos últimos momentos a sós com Dante, e não conseguia se decidir sobre contar ou não os detalhes daquele dia. Não saberia dizer quanto tempo ficou imersa naqueles momentos, mas só se deu conta de seu estado quando Guilherme tocou seu ombro gentilmente e chamou:
- Marie? Está tudo bem? Você está tão pálida...
- Acho que eu me deixei levar... – sussurrou a garota bem baixinho, mas Guilherme a escutou como se ela tivesse falado bem alto em seu ouvido.
- Se deixou levar pelo quê...? E você não me respondeu, contou ao seu irmão?
- Ah, desculpe... Contei ao meu irmão sim, e ele não reagiu muito bem; talvez precise de um tempo para assimilar tudo, e eu... eu entendo...
Novamente o garoto a abraçou, e Marie se conteve para não deixar as lágrimas que enchiam seus olhos transbordarem. Ela não podia ser fraca, já havia se decidido e agora que carregava uma filha dentro de si não poderia nunca mais demonstrar qualquer sinal de fraqueza... Não, ela tinha que ser forte, uma mãe precisava ser mais forte que qualquer outra pessoa. Então apenas retribuiu o abraço de Guilherme e secou as lágrimas sem que o garoto notasse. Por impulso consultou o relógio de pulso e se assustou com a rapidez com a qual o tempo se passara; já eram quase três horas da tarde, e ficou em dúvida quanto à volta para casa. Dante poderia se enfurecer com ela por chegar tarde, ou simplesmente por ela ter engravidado “de Caio”, como dois dias atrás. Sem saber o que fazer, resolveu voltar quando Guilherme também o fizesse. Se era para Dante enfurecer com ela, que ao menos tivesse motivos e o mínimo de tempo possível para isso.
A conversa dos dois em si foi um tanto monótona, mas Guilherme conseguira ganhar pontos com Marie, e a garota agora confiava nele. Não totalmente porque ainda era muito cedo para ter certeza da personalidade dele, mas ao menos tinha nele confiança suficiente para contar algumas de suas dificuldades, ainda que resumidas. Em dado momento levantaram-se e começaram a andar pela praia, até que Guilherme se lembrou que Marie estava com biquíni por baixo e sugeriu que mergulhassem; não se importava de molhar a bermuda que usava, secaria com o tempo. Voltaram ao cantinho onde conversavam há pouco e deixaram ali suas mochilas com as roupas dentro. Foram então para o mar e mergulharam, jogaram água um no outro, riram brincaram, como se todos os problemas tivessem sido deixados na areia da praia. Estava quase escurecendo quando sentiram frio e decidiram voltar para casa. Mas, quando chegaram ao local onde deixaram suas coisas...
- Ah, só me faltava essa. Roubaram nossas mochilas, e agora? A chave do meu carro estava lá dentro, assim como minha carteira com documentos e dinheiro, e minhas chaves de casa também se foram, junto com meu celular e todo o resto. Que merda, e agora?
- Calma, Gui... eu vou dar um jeito, não se preocupe. Meu celular também estava lá dentro, mas felizmente era a única coisa de valor, porque eu não levo dinheiro para a escola e hoje por um acaso esqueci minhas chaves e meus documentos em casa. Mas não se preocupe, eu vou falar com o Caio e talvez... desculpe, eu me esqueci... Falarei com mamãe então, e talvez ela deixe você dormir lá em casa hoje ou tenha alguma ideia... Tudo vai dar certo, tenho certeza Não se preocupe, está bem? – Marie, que durante toda sua fala olhava à volta à procura do ladrão – ou ladra – que a essa altura estaria muito longe dali, ao proferir a última fala se surpreendeu ao ver Guilherme sentado na areia abraçando os joelhos, com o rosto enterrado entre os braços. A garota se abaixou e pôs a mão direita sobre o ombro esquerdo do garoto, e apertou-o de leve como a dizer que estava ali para ele. Guilherme levantou a cabeça para ela, e por breves segundos se encararam, e ele não pôde entender como por tanto tempo ignorara a pessoa maravilhosa que era Marie. Pela terceira vez no dia abraçou-a, mas era um abraço de quem pedia colo, de quem dessa vez gostaria de receber o abraço. Marie por sua vez abraçou-o forte e pouco tempo depois acariciava o cabelo de Guilherme, enquanto este se encostava em seu peito. A noite ia cobrindo-os e já estavam sozinhos na praia. Quando se deram por conta, correram à casa de Marie, para encarar um clima realmente tenso, visto que estavam ainda úmidos e apenas com trajes de banho, e mamãe ainda não havia chegado. Dante não fez pergunta; apenas olhou a irmã com uma mescla de nojo e ciúmes – que agora dificilmente se diferenciava de ódio -, e voltou ao quarto com seu lanche noturno. Marie sugeriu que Guilherme esperasse no sofá enquanto ela se vestia e perguntava ao irmão se podia emprestar uma roupa à ele. Depois de muita cerimônia, o garoto obedeceu-a. Enchendo o peito de ar, tomando coragem, foi primeiro ao quarto do irmão perguntar pela mãe e explicar o que acontecera. Dante apenas ouvia sem mover um músculo sequer, encarando a televisão. Ao final da explicação, apenas respondeu que a mãe ligara avisando que voltaria apenas de madrugada para casa e indicou que ela pegasse em seu armário apenas uma camisa não muito nova para Guilherme, e que se quisesse dormir lá, que a própria Marie se arranjasse, porque não ia se meter nos “casos” da irmã. Furiosa, a garota pegou a camisa e exclamou, fulminando o irmão:
- Ele é apenas meu amigo, e namorado de Luna. Você realmente não tem que se meter na minha vida, isso sim. Cuide do que é seu, que cuido do que é meu. Só peço que tome cuidado com essas drogas que anda usando, porque em breve mamãe irá perceber.
E voltou-se para a sala de estar, batendo a porta do quarto do irmão. Controlando deu a blusa à Guilherme e disse que a seguisse para seu quarto, onde arrumaria a cama de baixo para que ele dormisse.
- Quer ligar para casa agora ou prefere tomar banho antes? – perguntou Marie.
- Melhor ligar pra casa, não acha? Pode ir tomando banho, não se preocupe comigo... é só me dizer onde ficar o telefone que eu me viro.
- Usa esse do meu quarto que é linha privada, é esse gato aí em cima da mesa. – indicou a garota.
- Seu telefone é em formato de gato? – riu Guilherme, procurando o objeto. Marie sorriu.
- Ah, eu achei tão lindinho quando vi na loja! Tenho há um ano, ganhei de aniversário no ano passado, foi Dante quem me deu...
No mesmo instante seu sorriso se desfez, e a garota simplesmente pegou a toalha e o pijama e voltou-se para o banheiro, batendo a porta ao entrar e trancando-a. Guilherme suspirou enquanto pegava o telefone. Como estava muito tarde e ele morava em outro bairro, seu avô - com quem o garoto morava - não se importou que ele dormisse na casa de Marie hoje, contanto que no dia seguinte a mãe dela confirmasse a história. Tranqüilizado, deitou-se na cama que Marie armara para ele e acabou pegando no sono quase em seguida. A garota não se demorou muito no banho, mas quando saiu do banheiro Guilherme já havia dormido. Pensou em deixá-lo dormir, mas lembrou que ele deveria estar incômodo com a areia grudada pelo corpo e se abaixou para acordá-lo.
- Gui? – chamava Marie baixinho, bem próximo ao ouvido do garoto, acariciando seu braço delicadamente. – Guilherme, não quer tomar banho? Gui...
O garoto acordou no terceiro chamado, e virando-se deu de cara com os brilhantes olhos de Marie, e por instantes ficou hipnotizado por eles; ela, por sua vez, se aprofundara nos olhos verdes dele e demorou-se a voltar do transe. Como se nada houvesse acontecido, ela voltou a chamá-lo:
- Guilherme, não vai tomar banho? Quanto mais cedo for, mais cedo dorme, e dá pra ver que está com bastante sono – sorriu ela bondosamente. Os sentimentos maternos tão cedo já começavam a tomar conta dela, e passando a mão pela barriga lembrou-se de Diego... afinal, onde estava ele que há tanto tempo não aparecia? Guilherme notou o gesto da garota e beijou sua barriga, fazendo com que ela risse.
Afinal, Guilherme não era má pessoa. Estava mais para um ótimo amigo...

15 de abril de 2011

Irmãos, ou não. - Capítulo XII

- Marie, meu anjo, hoje não é Primeiro de Abril... – balbuciou Caio, assustado.
- Eu sei disso Caio, eu sei. Eu não mentiria pra você mesmo que fosse o dia da mentira. Eu estou... grávida. – respondeu a garota, de cabeça baixa. Alguns minutos de silêncio se sucederam, em que a cena pareceria estar congelada não fosse pela respiração dos dois e pela movimentação do resto do restaurante. Enfim Caio quebrou o silêncio.
- É... é meu?
Marie levantou a cabeça, olhando para ele sem entender muito bem a pergunta.
- O filho... ou filha... é de mim que você está... grávida?
A garota sorriu um sorriso triste, e não soube muito bem se deveria dizer a verdade agora. Optou por pedir a conta ao garçom, e seguiram para a casa de Caio em silêncio, ainda no mesmo clima tenso. Nenhum dos dois sabia muito bem porque não iam para a casa de Marie e sim para a de Caio, mas também nenhum deles parecia preocupado com isso, e continuaram sem falar e sem olhar um para o outro, como se ambos soubessem o que estava por vir. Quando entraram no apartamento, a mãe dele estava na cozinha de costas para eles, virada para uma bancada. Cumprimentou-os animadamente mesmo sem os olhar, pois já estava acostumada com Marie. Carly deveria estar trancada em seu quarto como de costume. Seguiram para o quarto de Caio e o trancaram. Após alguns minutos de mais tensão, Caio retomou a pergunta que não lhe saía da cabeça:
- Então... é meu? Ou... ou minha, não sei. Porque você sabe, aquele dia a gente se... preveniu, né? Então eu fico confuso com isso, acho que você entende... entende?
Sorrindo mais uma vez com tristeza, a garota respondeu, olhando para as mãos.
- Eu gostaria que fosse...
- Ah. Entendi. Tudo bem, eu entendi. É do Diego, então?
A garota desfez o sorriso, e olhou agora assustada para Caio.
- QUÊ?! Enlouqueceu, Caio? Lógico que não, lógico que não!
- Então é de quem, Marie?! – se assustou o garoto, chegando mais perto dela, que continuava olhando para as mãos, sentada na cama. A garota respirou fundo, antes de revelar.
- É do Dante.
- Ah... acho que não entendi muito bem...
- É do Dante, Caio. Dante, meu irmão. Mas ele não pode saber...
- O que... Marie, o que ele fez com você!?
- Ele não fez nada, é uma longa história... Se você tiver tempo, eu explico.
Diego, que apenas observava a cena toda sem dizer palavra, sentou ao lado de Marie e disse carinhosamente ao seu ouvido:
- Vai ficar tudo bem, Marie. Eu te prometo, estarei aqui do seu lado sempre...
Caio sentou-se na cadeira da escrivaninha, virando-a a ficar de frente para a garota que, respirando fundo mais uma vez, começou a explicar tudo desde seus oito anos até o dia do enterro de Diego. Não mencionou nada sobre seu novo anjinho da guarda, porque não foi necessário. Caio apenas escutava toda a história com uma expressão confusa, como se não acreditasse que aquele tipo de coisa fosse possível. Lágrimas rolavam silenciosamente pelo rosto da garota, que ainda falava para as mãos ao seu colo, mas Caio nada via porque fixara um ponto no chão enquanto apenas ouvia. Por fim uma única lágrima deslizou também pelo rosto do garoto, mas este logo a secou e levantando-se tomou a decisão:
- Eu vou assumir, não se preocupe.
- Vai?
Surpresa, Marie levantou o rosto cheio de lágrimas para Caio, que sentou-se ao seu lado e a abraçou forte por muitos minutos. Secou então todas as lágrimas do rosto da garota e após fitar seus lindos olhos por algum tempo, beijou-a, fazendo o possível para transmitir apenas com aquele beijo todo o seu amor por ela.
Mas, desta vez, as imagens que se passaram nos olhos fechados de Marie foram todos os melhores que vivera com o garoto. Ele sempre fora atencioso amoroso com ela, e por mais que brigassem ele sempre acabava cedendo; era muito compreensivo. Ciumento, como qualquer garoto apaixonado, mas tinha uma forma extremamente fofa de demonstrar; mimava Marie cada vez mais, a medida que sentia ciúmes dos amigos dela, ou mesmo do irmão - agora, claro, ele podia entender que não fora tão sem fundamento assim seus ciúmes da garota com Dante, mas não se importava nem um pouco contanto que estivesse ao lado de Marie e os dois ainda se amassem. As flores, os campos, os filmes, os lanches, os sorvetes, as risadas e todo o carinho que um sentia pelo outro, toda a confiança, as brincadeiras, os beijos e os toques, passaram pela mente da garota naqueles minutos. Ela sentiu então que estava no caminho certo, e contava com Diego e Caio para passar pelas futuras dificuldades com as quais ela não se preocupava em cogitar no momento. Apenas desfrutou da alegria de ter alguém tão especial ao seu lado, e continuou o dia como se não houvessem problemas no mundo, como se tudo fosse apenas aquela imensa alegria e paz que o casal agora sentia.
- Marie - chamou Caio, afastando dos olhos os cabelos da garota, e acariciando seu rosto. Ela voltou seus olhos para os dele, extasiada -, você aceita ser minha novamente?
A garota sorriu radiante e pulou em cima dele beijando-o como resposta. Aos poucos o clima foi se tornando mais quente, quase um calor insuportável que fez com que as roupas dos dois fossem tiradas rapidamente, e... enfim, não é preciso muita coisa pra saber o que aconteceu em seguir. O que eles não contavam, era com uma certa orelha escutando pela fresta da porta, e gravando cada palavra e até os gemidos com um pequeno gravador.
Porém, tendo isso passado despercebido de todos, a vida continuou. Marie acabara ficando liberada da punição por ter sumido sem dar satisfações por conta da morte de Diego. Dante estava achando-a estranha nos últimos dias, e passado uma semana observando o contínuo comportamento afastado de Marie, resolveu interrogá-la sobre isso. Estava a garota procurando mais uma vez a louça na cozinha, de costas para a porta, quando o irmão chegou por trás com as mãos sempre geladas abraçando-a pela cintura. Desta vez ela não tinha nada nas mãos e por isso não quebrou nenhuma louça, mas gritou de susto e afastou por impulso as mãos do garoto de sua barriga. Virou-se ainda assustada, e desviou quando Dante tentou dar o costumeiro selinho. Era sábado, e mamãe não estava em casa pois trabalhava também neste dia da semana; por tanto ninguém ouviu quando Marie gritou ao ser pega no colo por Dante, que a levara até o próprio quarto e a jogara praticamente de qualquer jeito na cama.
- Dante!
- Dante o quê, Marie?! - perguntou o garoto em voz alta, muito grosseiramente.
- Pára, enlouqueceu de vez?
- Me responda você... Tem se afastado cada vez mais de mim e da mamãe, como se tivéssemos feito algo de errado pra você! – o garoto parecia ter se estressado com a recusa do selinho, e se aproximava assustadoramente da irmã a medida que falava, ou melhor, gritava com ela. Marie nunca o vira tão agressivo antes, o que a assustava mais ainda...
- Por que está gritando comigo, amor? – questionou ela, com a voz mais doce que nunca, apesar de não conseguir esconder o medo atrás da doçura.
- AGORA – gritou ele ainda mais, dando um passo à frente -, VOCÊ ME CHAMA DE AMOR...
- Pára, por favor! Pare de gritar, vai fazer mal ao bebê! – pediu Marie, impulsivamente pondo as mãos sobre a barriga. Dante estacou onde estava, sem entender muito bem o que acabara de ouvir. Se afastou um pouco mais de Marie e sentou na cama aos pés desta, parecendo assustado e confuso. A garota por sua vez tremia,  também assustada com o que dissera, dividida entre o desespero por ter contado tão bruscamente a notícia e o alívio por não precisar mais se preparar para falar o mesmo que falara a Caio. A situação era crítica, e os dois irmãos passaram algum tempo em silêncio, tomados pelo choque. Até que Dante quebrou o silêncio, perguntando com a voz trêmula:
- É meu... ou do Caio?
A garota inspirou fundo pela milésima vez e, lembrando do que Diego dissera a ela, obrigou-se a mentir.
- É do Caio, Dan...
Dante deu um rugido ensurdecedor, que fez Marie quase saltar da cama do irmão. Quebrou todos os CD’s que havia em uma prateleira jogando-os no chão e deu um soco extremamente forte na parede; ele estava fora de si tamanha a raiva e o ciúmes. Como? Como pudera Marie engravidar de Caio... Eles eram um do outro, confiavam um no outro, e eram apenas um do outro... Como pudera ela omitir a notícia por tanto tempo, escondendo a verdade dele? Mas, repentinamente, surgiu uma luz em sua mente que talvez melhorasse tudo, se ainda houvesse tempo... Controlando a ira dirigiu-se à irmã o mais calmamente que pôde.
- Você já contou isso a ele?
- J-já... E ele disse que vai assumir, nós... nós v-voltamos...
- NÃO! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO, VOCÊ NÃO... SUA... ARG!
Dante estivera prestes a dar um tapa em Marie, mas fechou o punho e guardou-o dentro do bolso a tempo. Mas, uma vez atingido tal estado, dificilmente o garoto se controlaria tão facilmente mais uma vez.

2 de abril de 2011

#enquete nº5

Ok, já percebi que ninguém comenta nada, se é que alguém lê essa droga aqui. Vejo que pessoas visualizam meu blog todo dia, mas duvido que estejam lendo... se alguém aí no meio do mundo estiver realmente lendo, muito obrigada, você é realmente importante pra mim. Seria legal se você comentasse, mas tudo bem =)
Mas, mesmo assim, eu tenho esperanças. Aí vai a enquete:

1- O que estão achando da história e da ideia de o Diego ser o "protetor" da Marie?
2- Qual será a reação de Caio?
3- O que acontecerá a seguir?

Sei que ninguém vai responder, mas se alguém ao menos ler e pensar eu já agradeço. Tô #foreveralone aqui, mas já me acosumei né... amo vocês, fantasminhas :**
Sério, amo mesmo u.u
<3

30 de março de 2011

Irmãos, ou não. - Capítulo XI

- Marie? – Uma voz muito familiar chamava pela garota, acordando-a. A princípio pensou ter vislumbrado um anjo, fantasma, ou algo do tipo, mas era quase isso. Diego sorria para ela de braços abertos, enquanto ela o encarava assustada, sem acreditar.
- Não vai me abraçar, Marie? Estou tão feliz...
A garota estava perplexa, e não conseguia se mover tamanho o susto. Uma luz verde-clara emanava do corpo do garoto – sua cor favorita -, e combinava muito com ele. A luz verde-clara parecia ser mais densa quanto mais próxima estava do corpo dele, e ficava mais suave conforme se estendia, quase sumindo... Alcançava cerca de meio metro, e quando Diego se aproximou de Marie, iluminou-a e a aqueceu. Quando a luz chegou perto o suficiente dela, a garota sentiu como se a luz a tocasse, entrasse dentro dela e a aquecesse, o que a fez despertar do transe em que estava. Ela enfim levantou ainda encarando Diego com espanto.
- É-é você mesmo, Diego?
- E quem mais seria, Marie? – ele continuava sorrindo e com os braços abertos. – Vai me deixar aqui com os braços abertos no vácuo?
A garota se aproximou dele, e conforme o fazia, a sensação que a luz produzia se intensificava, e abraçá-lo transmitia uma sensação indescritível de paz e proteção. Diego parecia tão real...
- Não se preocupe com nada – começou ele -, estou aqui para protegê-la e guiá-la. Eu deveria estar me readaptando ao novo estilo de vida – brincou Diego, sorrindo -, mas sabia que não poderia deixá-la sozinha nunca. Você é a única que pode me ver, ouvir, sentir e tudo o mais, e podemos nos comunicar pelo pensamento - é fácil. Mesmo que eu não esteja por perto, ou você simplesmente não me veja, qualquer coisa que precise é só pensar em mim. Talvez eu não apareça para você, mas ajudarei no que for necessário.
- Estamos dentro de um... sonho?
- Bom, mesmo que estivéssemos, seria real. Não acha?
- É verdade, mas... então é você mesmo? Eu estou acordada e falando com meu melhor amigo que há uma semana eu vi morrer, e agora é meu anjo da guarda, guia espiritual, ou seja lá como se chame? É isso?
- Bom... quase isso... Não sei se sou exatamente seu anjo da guarda, mas algo parecido. Algo como... É, talvez eu seja realmente um tipo de anjo da guarda. – concluiu confuso, coçando a cabeça -, mas por favor não me chame assim, ok? – pediu ele um pouco constrangido. Marie riu.
- Ok, ok! Você não tem asas mesmo, jamais seria um anjo. Tem mais cara de diabinho da guarda, né... – brincou Marie, ainda rindo.
- É, né... sacomé, é até melhor, porque as diabinhas são bem mais....
- Diego!
- Brincadeira, bobinha! – os dois riam juntos agora.
- Quero mais um abraço...- pediu a garota, sorrindo.
- E precisa pedir? – Disse Diego, já abraçando-a forte, levantando-a. Marie gritou e deu um tapa no braço do amigo assim que este a colocou no chão. Ele beijou seu rosto e fez sinal para que saíssem do quarto, mas quando a garota pôs o pé no primeiro degrau da escada, se sentiu tonta e enjoada, e tentou ir até o banheiro, mas vomitou poucos passos depois da escada. Diego amparou-a até o banheiro para limpar o rosto, e aconselhou que tomasse um banho. Enquanto ela tomava o banho, o garoto limpou todo o vômito e preparou um lanchinho com chá para ela. Arrumou em uma bandeja e levou para a suíte de Marie, onde a garota se... vestia.
- DIEGO! – gritou ela assustada, cobrindo-se com a toalha.
- Desculpe, desculpe! Eu não vi nada, juro! – gritou Diego de volta, fechando os olhos.
- Acho bom não ter visto, porque senão...
- Senão o que, vai me bater? – desafiou Diego brincando, ainda sem olhar.
- É, vou te bater. E muito. Nem ligo se vai doer ou não, pelo menos extravaso minha raiva, seu pervertido.
- Que pervertido o que, eu vim trazer lanchinho pra você, garota! – ria Diego.
- Eu tenho nome, tá? E faz o favor de continuar de olhos fechados enquanto pego minha roupa.
- Não sei pra que tanta cerimônia se sou seu... protetor, agora. Mas ok, ok. Você sempre foi chata mesmo...
- Quer ver? Então fique a vontade, se quer tanto assim. Não tenho nada mesmo, que diferença faz, né?
- Claro que não vou olhar, você é minha melhor amiga e agora é também minha protegida, então tenho que te proteger do... dos meus olhos também, sei lá.
- Bobo, já pode abrir os olhos.
- Mas... você tá de sutiã e calcinha ainda, garota! – Se espantou Diego, ao olhar para ela.
- Você já me viu de biquíni, não foi? Deixa de ser criança, Diego! – Marie não parava de rir, achando graça do constrangimento do amigo em vê-la semi-nua.
- Põe logo a roupa, vai acabar ficando...
- Resfriada? Pelo amor de Deus, minha mãe diz essas coisas! Pronto, já to vestida agora, feliz?
- Não, tá só de short. Qual sua dificuldade em colocar uma roupa, Marie?
- Nenhuma. Só acho graça em ver você vermelho por eu estar só de roupa íntima. – fez ela, abraçando o amigo.
- Põe uma blusa, depois me abraça.
- Diego! Já tá exagerando né, nem um abraço eu posso te dar agora?
- Não, não pode. Põe logo uma blusa, por favor!
- Tá bem, tá bem! Já estou completamente vestida, posso te abraçar agora?
- Pode sim – riu ele, abraçando a amiga. – agora lancha logo, antes que o chá esfrie.
Em alguns minutos Marie já havia comido tudo, e Diego pediu que ela se deitasse um pouco. Estava um pouco cuidadoso de mais...
- Onde estão mamãe e Dante que até agora não apareceram? Sequer deram minha falta, como sempre...
- Dante sempre se preocupou com você, talvez Caio tenha avisado que você viria para casa e... ah... é, não sei. Mas eu preciso te contar uma coisa... Na verdade eu deveria te contar mais tarde, mas vejo que já está na hora...
- O quê?!
- Você... hm...
- Eu o quê, Diego?!
- Você está... er... está esperando um bebê.
- É O QUÊ? Está dizendo que eu estou GRÁVIDA?!
- Não grite, por favor!
- D-Diego, eu não posso engravidar agora... minha mãe e meu irmão irão surtar! Olhe minha idade, olhe... Espera. Eu usei camisinha na minha primeira vez, eu me preveni, não tem como ser do Caio.
- Er...
- Respira, Marie. Respira... Você está querendo me dizer que eu estou grávida do Dante? Mas ele é meu irmão, como eu vou contar isso pra alguém? Mamãe nunca poderá saber, não mesmo! O que eu faço agora?! – Desesperou-se Marie, enquanto acariciava a barriga distraidamente, ainda sem acreditar que aquilo estivesse acontecendo.
- Bom, eu diria para você contar ao Caio. Ele entenderá...
- Contar ao Caio? Mas eu acabei de terminar com ele, Diego!
- Ele entenderá, com certeza. É o único que pode te ajudar agora, e nem mesmo o Dante pode saber da verdade; traria sérios problemas. Por enquanto apenas o Caio pode saber, conte a ele, Marie.Conte toda a verdade. Não se esqueça que ele te ama desde o primeiro instante em que a viu...
- Ok, farei isso. Confio em você, e confio nele.
- Obrigado, você sabe que eu jamais lhe faria mal. Agora, o que está esperando?
- O quê, tenho que contar ao Caio agora?
- Quando pretendia fazer isso?
- Ok, ok, eu vou. Mas se ficar tonta ou enjoada de novo quero ver o que você vai fazer, se ninguém pode te ver...
- Eu tenho meus truques, baby. – fez o garoto, com pose de super herói. Marie pulou em cima dele, que a levou nas costas até o elevador. Para a surpresa da garota, Caio a esperava na portaria, com a expressão um pouco abatida. Ele explicou que havia dito à mãe e ao irmão dela que provavelmente estaria em casa ou na praia, e que ele mesmo viria atrás dela. Caio esperava há apenas vinte quinze minutos ali embaixo, pois achou melhor esperar que a garota descesse para falar com ela.
- Quer almoçar comigo? Acho que precisamos conversar um pouco, Marie.
- É, precisamos mesmo... Mas antes você se importa se eu passar na farmácia?
- Claro que não me importo, mas vamos logo?
- Vamos, vamos sim.
A garota abriu o portão, e logo depois Caio segurava a porta do carro para ela, que olhou em volta verificando a presença de Diego. Este sentara-se no banco de trás e agora sorria encorajando-a.
- Quer que eu vá com você ou prefere que eu espere aqui no carro? – perguntou Caio, assim que pararam em frente a uma farmácia
- Não, não; não precisa se incomodar, é coisa rápida. – respondeu Marie, saindo do carro. Logo que entrou na farmácia avistou o teste de gravidez que Luna comprara uma vez e pegou-o.
- Confia em mim, né? – ironizou Diego, com cara de desaprovação para a garota, que respondeu por pensamento, não podendo falar em voz alta para o “nada” no meio de tanta gente.
- Eu confio, mas como vou explicar isso para o Caio? Preciso ter uma prova mais acessível, entende?
- Tudo bem, tudo bem... – cedeu o amigo. É lógico que vão te levar para fazer um exame médico depois, mas é realmente melhor assim. Pague logo, vamos.
Tão logo pegaram uma mesa no restaurante que não ficava muito longe dali, Marie pediu licença e se dirigiu o mais rápido que pôde para o banheiro, fazer o tal teste. Apesar de ser uma situação difícil e muito complicada, a garota sorriu e acariciou a barriga quando verificou que o teste deu “positivo”, confirmando sua gravidez. Diego apareceu ao seu lado, sorrindo também. Ajoelhou-se e beijou a barriga da menina, dizendo em seguida:
- Seja bem-vinda, sobrinha linda.
- É menina, Diego?! – perguntou Marie ansiosa, esquecendo-se de que era a única que podia vê-lo. Mas com o banheiro vazio, isso não fez diferença.
- Tenho quase certeza que sim, foi o que me informaram pelo menos. Que nome vai dar a ela, Marie?
- Anne. Annelies... Sempre gostei desse nome, desde pequena brincava em colocar esse nome em alguma filha minha... – respondeu ela sonhadora.
- E se for menino? –questionou Diego. A garota sorriu ainda mais ao responder, encarando os brilhantes olhos do amigo.
- Diego. E será como você, amigo fiel e leal até mesmo depois da morte.
- E galã também, com certeza.
- Mas é claro, olha a mãe! Como uma criança não vai sair linda e maravilhosa vinda de mim é que eu não sei... Nem que o Dante fosse feio, sinceramente... – brincaram os dois. Só então a garota se deu conta de que alguém a esperava lá fora. – Diego, o Caio! Tenho que ir para lá, senão ele vai achar que estou passando mal ou algo do tipo!
- É verdade, coitado do garoto!
Marie escondeu o teste em um saquinho dentro da bolsa e voltou rapidamente à mesa em que Caio esperava já um tanto impaciente. Após as desculpas da garota, pediram a comida e logo serviam a sobremesa. Comeram a última parte desta, quando Diego deu um toque em Marie.
- Não acha que já é hora de contar?
- Ok, essa é a hora. Não adianta mais adiar... – pensou a garota. Respirou fundo tomando coragem e enfim começou.
- Caio...
- Oi?
- Bom, eu... preciso contar uma coisa à você, mas só vou poder explicar depois.
- Temos muitos assuntos a tratar, na verdade, mas esse parece ser de maior importância. Aqui não é um lugar muito bom para esse tipo de conversas, mas eu sabia que você não havia comido nada, então achei melhor almoçarmos primeiro. Agora por favor prossiga, e desculpe a interrupção.
- Eu vou ser direta, Caio.  – Marie fez mais uma pausa em que respirou fundo antes de continuar. – Estou grávida.

26 de março de 2011

Irmãos, ou não. - Capítulo X

Mais uma semana se passou e fariam a missa de sétimo dia de Diego. Uma bobeira na opinião de Marie, mas ele não deixava de ser seu melhor amigo, então mesmo assim levantou-se da cama tão cedo como se fosse para o colégio, já que resolveram fazer a missa no mesmo horário. Segundo os organizadores, era para que as pessoas pudessem ir, já que normalmente iriam à escola nesse horário.
- Tipo, hã? Nada a ver isso, eles realmente não usam muito o cérebro, esse pessoal que organiza essas coisas... Não acha, amiga?
- Luna, dá pra parar? É, não tem sentido isso, mas tem como ficar quieta fazendo favor?! Você não pára de falar nem um segundo, e ele era meu melhor amigo, tem como respeitar? Aliás, ainda é.
- Desculpa, chata. – bufou Luna. Sem agüentar a garota, Marie saiu de perto dela, em direção ao garoto alto e de cabelos pretos e lisos que acabava de chegar. A garota tentou sorrir antes de chegar mais perto de Caio, mas desistiu ao ver que não daria muito certo.
- Sinto muito... – começou o garoto, mas Marie cortou-o logo.
- Não diga isso, ele está melhor agora e tenho certeza... Voltei a falar com Luna por ele, acho que é o melhor que posso fazer, melhor do que pôr flores no caixão ou algo do tipo. – E percebendo que Caio escondia uma rosa atrás do corpo e sorria sem graça, acrescentou:
– Não estou dizendo que ninguém possa colocar flores no caixão, é um ato simbólico, mas eu prefiro agir conforme ele me aconselharia, não é? Linda rosa, essa. Ele deve estar achando graça dessa situação toda, pessoas chorando por ele e colocando flores...
Um ligeiro sorriso apareceu em seu rosto sem que a menina percebesse, então Caio a abraçou forte, o melhor abraço já recebido por Marie. O garoto pegou sua mão e a levou para uma pracinha próxima, em que algumas crianças riam e brincavam como se a morte não estivesse tão perto daquele lugar florido. Sentaram-se em um banquinho embaixo de uma árvore com flores brancas, e os olhares se encontraram no mesmo instante em que uma das flores caiu nos cabelos de Marie. Caio se aproximou sorrindo e ajeitou a flor nos cabelos da menina, sem tirá-la de lá. Seus olhares se encontraram novamente, e agora os dois sorriam abobados um para o outro, enquanto seus rostos se aproximavam, cada vez mais... Seus olhos fechavam, enquanto as respirações ofegantes dos dois se fundiam, e a mão de Caio acariciava o rosto de Marie. Há muito tempo a garota não lembrava como era aquele toque e o sabor que tinham os lábios dele, e quando finalmente as bocas se encostaram era como beijá-lo pela primeira vez... Estava acontecendo exatamente igual ao primeiro encontro dos dois, quase três anos atrás. Ela fora uma garota difícil de ser conquistada, e ele nunca desistira dela, mesmo com a implicância de Dante.
Na cafeteria em que se conheceram ela fora gentil e engraçada, mas como o irmão não gostaria nada se ela o tivesse como algo mais que amigo, logo Marie se tornara ríspida e agressiva com o garoto mais doce do mundo, que sempre inventava todo tipo de desculpas para estar perto dela.
- Eu só tenho onze anos, tem como me deixar em paz?!
- Desculpe se eu a importuno, mas meus olhos nunca se depararam com alguém tão... perfeita. – suspirou Caio, aos quinze anos. – Eu prometo ficar quieto, só sua presença já é suficiente para mim.
- Ok, você pode ficar aí, mas não me atrapalhe ou vou embora e nunca mais olho pra sua cara – “ou para esses lindos olhos”, a garota de pegou pensando furtivamente, e no mesmo instante virou-se e voltou a brincar com mais duas meninas na beira do mar. Enquanto Caio admirava Marie, vez ou outra ela o olhava rapidamente, e ele sorria para ela sempre que isso acontecia. Mas em uma das vezes em que a menina olhava para Caio, a onda pegou-a de surpresa, e seu joelho sangrava quando tentou levantar. O garoto imediatamente correu para ela, e sem dizer nada pegou-a no colo e seguiu para casa, muito perto dali.
- Onde está me levando, garoto?!
- Pra minha casa, é mais perto que a sua.
- Como você sabe onde é minha casa?
- Bom, eu... te vejo saindo e entrando naquele prédio às vezes, com seu irmão e sua mãe...
- E como você sabe que são minha mãe e meu irmão? E se fossem minha tia e... meu namorado?
- Eu tenho minhas fontes – sorriu ele, encantadoramente. – E eu sei que você não tem namorado, ou ele nunca largaria do seu pé. Seu irmão realmente não te larga, mas agora por exemplo, ele estaria aqui, tenho certeza. Pronto, chegamos Marie.
- Já pode me por de pé, Caio.
- Não, não mesmo. Você ainda está machucada, e não quero eu sinta dor... eu te carrego, não se preocupe.
Apesar das reclamações da menina, Caio continuou levando-a no colo, até o sofá da sala de estar de seu apartamento. Ele deu o controle da TV na mão dela, mas Marie não se sentiu a vontade para ligá-la e mudar de canal, então apenas colocou-o na mesinha de centro e continuou quieta, esperando o garoto voltar da cozinha, onde estava sua mãe. Poucos minutos depois, uma mulher bonita de seus trinta e poucos anos veio com uma bandeja com sanduíches, biscoitos e fatias de bolos sorrindo para Marie. Logo atrás vinha Caio, com mais uma bandeja, um pouco menor, com uma jarra de suco e dois copos.
- Aqui está, Marie. Caio vai fazer seu curativo, e depois vamos lanchar, tudo bem? – disse a mulher, colocando a bandeja em cima da mesinha de centro, seguida de Caio. O garoto sorriu para Marie e voltou-se para onde deveria ser o banheiro.
- Não precisava, tia... Muito obrigada, mas realmente não queria incomodar vocês! Caio que me trouxe até aqui, mal tive tempo de respirar e ele já me pegava no colo e me trazia para cá, me desculpe o incômodo, de verdade... – A mãe de Caio sorriu ainda mais, ao dizer:
- Não tem problemas, meu anjinho... ele me explicou tudo, vive falando de você. Falando bem, claro; bem até de mais! Não é incômodo nenhum tê-la aqui em casa, já liguei para a sua mãe e o Caio ficou de te levar em casa, se não se importa.
- Claro que não, qualquer coisa está bom pra mim.
- E eu sou qualquer coisa, é? – Brincou Caio, entrando na sala com um kit de emergência nas mãos.
- C-claro que não, estava brincando, menino! – respondeu ela, nervosa com a repentina aparição de Caio quando estavam falando dele.
- Eu sei, eu sei, não precisa ficar nervosa... Agora me deixe ver seu joelho, vivo fazendo meus próprios curativos.
Algum tempo depois, Marie já ria e brincava descontraída com Caio, conversando sobre filmes, escolas, irmãos, irmãs...
- Você tem uma irmã? – perguntou Marie, um pouco séria.
- Tenho sim, da mesma idade que você. Se chama Carly, e hoje está na casa do papai... – o garoto desfez o sorriso também, sendo notado por Marie.
- Por que essa carinha, não gosta que ela vá para lá? – arriscou a garota.
- Não é isso... Mamãe vive reclamando que eu não vou para lá, mas não nos damos muito bem, entende? Prefiro evitar brigas. É chato começar a semana já extressado, não costuma dar certo. Mas vai ficar tudo bem, não se preocupe. Já está tudo bem, na verdade.
- Tudo bem, então. Mas quando quiser conversar, eu estarei sempre aqui, não importa quanto tempo demore até que tenha terminado de me contar tudo. Eu não vou te julgar nem contar para ninguém, pode ficar tranqüilo.
Caio sorriu, deu um beijo na testa dela e pegou sua mão, descendo as escadas do prédio com ela em direção à pracinha em frente.
- Por que descemos de escada se tem elevadores?
- Para ser mais rápido, vamos.
Chegaram logo na pracinha, onde sentaram-se em um banquinho embaixo de uma árvore com flores brancas, e os olhares se encontraram no mesmo instante em que uma das flores caiu nos cabelos de Marie. Caio se aproximou sorrindo e ajeitou a flor nos cabelos da menina, sem tirá-la de lá. Seus olhares se encontraram novamente, e agora os dois sorriam abobados um para o outro, enquanto seus rostos se aproximavam, cada vez mais... Seus olhos fechavam, enquanto as respirações ofegantes dos dois se fundiam, e a mão de Caio acariciava o rosto de Marie. As bocas enfim se encostaram, como em um segundo primeiro beijo, o primeiro instante da vida de Marie em que a garota esquecera de um pequeno detalhe, ocorrido três anos antes...
- Por que não, Daaan? Você e mamãe disseram que tinha que ter confiança, e você é a pessoa em quem eu mais confio no mundo inteiro. Mas acho que você não confia em mim...
- Claro que confio, que pergunta! – cortou logo Dante, aos doze anos. – Você inventa cada coisa, sabia? Mas eu não ia querer que fizesse isso com outro garoto qualquer, então acho que...
Dante não conseguira completar a fala, pois os olhos de Marie fitavam os seus com tal intensidade, hipnotizando-o. A garota passou a mão direita pelo rosto do irmão enquanto se aproximava dele. Os olhos já haviam se fechado e os lábios lentamente se encontravam...
- A partir de agora – Dante decretou alguns minutos mais tarde, sorrindo. -, somos um do outro.
- E nada nem ninguém mudará isso. – completou a garota, unindo suas mãos com as de Dante.
- Aconteça o que acontecer...
- Prometo ser só sua...
- Prometo ser só seu...
- Para sempre. – os dois sussurraram juntos.

- Não, Caio... – Marie interrompia o beijo. – Nós não podemos continuar juntos, eu... eu não posso mais... – dizia ela, o olhar perdido enquanto se afastava de Caio com, de volta aos quatorze anos.
- Você não me ama mais?
- Eu... eu não posso, Caio... Me desculpe, mas eu não posso... eu nunca pude...
Marie levantou-se e saiu correndo para casa, sem ouvir os berros de Caio chamando por ela. Correndo o mais rápido que pôde, chegou na casa a essa hora ainda vazia, e se largou na cama, dormindo logo em seguida.

12 de março de 2011

We pray for Japan

Reprodução/Reprodução

Irmãos, ou não. - Capítulo X

Uma parte do capítulo pra vocês! Espero que tenham tido um ótimo carnaval, e desejo um excelente final de semana para todos. Obrigada por lerem, beijinhos e até mais :*

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Mais uma semana se passou e fariam a missa de sétimo dia de Diego. Uma bobeira, na opinião de Marie, mas ele não deixava de ser seu melhor amigo, então mesmo assim levantou-se da cama tão cedo como se fosse para o colégio, já que resolveram fazer a missa no mesmo horário do colégio. Segundo os organizadores, era para que as pessoas pudessem ir, já que normalmente iriam ao colégio nesse horário.
- Tipo, hã? Nada a ver isso, eles realmente não usam muito o cérebro, esse pessoal que organiza essas coisas... Não acha, amiga?
- Luna, dá pra parar? É, não tem sentido isso, mas tem como ficar quieta fazendo favor?! Você não para de falar nem um segundo, e ele era meu melhor amigo, tem como respeitar? Aliás, ainda é.
- Desculpa, chata. – bufou Luna. Sem agüentar a garota, Marie saiu de perto dela, em direção ao garoto alto de cabelos pretos e lisos que acabava de chegar. A garota tentou sorrir antes de chegar mais perto de Caio, mas desistiu ao ver que não daria muito certo.
- Sinto muito... – começou o garoto, mas Marie cortou-o logo.
- Não diga isso, ele está melhor agora e tenho certeza... Voltei a falar com Luna por ele, acho que é o melhor que posso fazer, melhor do que pôr flores no caixão ou algo do tipo. – E percebendo que Caio escondia uma rosa atrás do corpo e sorria sem graça, acrescentou:
 – Não estou dizendo que ninguém possa colocar flores no caixão, é um ato simbólico, mas eu prefiro agir conforme ele me aconselharia, não é? Linda rosa, essa. Ele deve estar achando graça dessa situação toda, pessoas chorando por ele e colocando flores...
Um ligeiro sorriso apareceu em seu rosto sem que a menina percebesse, então Caio a abraçou forte, o melhor abraço já recebido por Marie. O garoto pegou sua mão e a levou para uma pracinha próxima, em que algumas crianças riam e brincavam como se a morte não estivesse tão perto daquele lugar florido. Sentaram-se em um banquinho embaixo de uma árvore com flores brancas, e os olhares se encontraram no mesmo instante em que uma das flores caiu nos cabelos de Marie. Caio se aproximou sorrindo e ajeitou a flor nos cabelos da menina, sem tirá-la de lá. Seus olhares se encontraram novamente, e agora os dois sorriam abobados um para o outro, enquanto seus rostos se aproximavam, cada vez mais...

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